segunda-feira

Que juventude?

"-Cara, você não sabe! Outro dia a mulher me perguntou o que eu fazia para emagrecer tanto... Você acha que a mulher não se ligou mesmo?". Diz um garoto que me aparentou ter 15 anos. Segurando um celular nas mãos ele ouve e canta um funk carioca enquanto conversa com dois amigos ao lado.
"-Nossa, será que ela não sabe mesmo?". Risos. Agora é o outro que fala.
"-É, eu quase falei que o meu segredo era dar uns tiros." Confessou o que iniciou a conversa.
O terceiro nada diz.

Toda essa pequena parte que ouvi se passou enquanto estava voltando para casa no final da tarde. Chovia muito e eu nunca os vi naquele ônibus. Claro que eu saberia, pois conheço cada um que faz o mesmo trajeto que eu.

Estavam em três garotos. Um deles tinha tatuagens na perna e no braço. Outro tinha pircing no nariz. Outro falava como se não morasse nesta cidade. Imaginei até serem mais novos que eu, porque eles falavam de algo que fizeram na escola.

Uma juventude sem sonhos que é interrompida pela ilusão do mundo das drogas. Falta educação? Falta orientação? Ou falta mesmo pai e mãe cobrando as responsabilidades e ensinando como se faz as coisas da vida? Ainda não obtive resposta alguma!
Senti uma pena, talvez uma revolta dentro de mim. Meus pais sempre foram firmes na minha educação. Mas então como será que três deles... Três que devem ser apenas uma fatia de toda sociedade que passa por isso! Onde é que entra a parte dos programas governamentais na vida deles? Com os investimentos nas escolas... Com o PROERD que é feito por guardas? Caramba! Que Brasil (mais uma vez) é esse em que vivemos? Onde pequenas personalidades se perdem tão cedo.
Que futuro terão, o que irão fazer da vida, que ambição eles tem? Acredito que tudo isso tenha uma resposta: nada!

Se você falar que não se importa, deveria se importar. Pois eles serão o nosso futuro. Cada vez mais perto. Eles vão estar no poder um dia!
Tantas promessas nessa última eleição e a expectativa do governo feminino. Mas será que um dia alguém realmente vai querer fazer algo para mudar a realidade destes que mal conhecem o que é a vida? Não sei...

Um comentário:

  1. Acabei pousando num vôo inusitado neste blog, e lendo por cima essas palavras ao vento [como você mesmo define] e por acaso me identifiquei com este post... Sou estudante de História e ano passado lecionei em uma escola em Itu, onde a maior parte dos alunos traziam uma bagagem diferente desta que você e eu temos... uma bagagem muito próxima a desses três jovens. Acabei descobrindo no meio do caminho, que pais... eles não precisam, já que na maior parte das vezes são péssimos exemplos. Governo? Eles não acreditam. Então, dei a eles uma pequena solução:a Crítica, a Opinião, a Reflexão. Não abri um livro didático mal escrito, e nenhum caderno do estado subversivo. As aulas fluíram ao som de Legião Urbana à Rage Against, discutimos de legalização da Maconha à Revolução Mexicana... E decidi que faria a minha parte, mudaria o mundo a minha forma, hoje daria a melhor aula de história da vida deles... plantaria a semente, e torceria que suas auréolas não chafurdem na lama da vida... E assim defini que pouco me importa as mudanças de governo, as posturas dos pais. Eu sou educadora, eu faço a minha própria Revolução!
    Parabéns Pelo seu Blog!

    ResponderExcluir