sexta-feira

Diário de uma


Vai. Pega o telefone pela milésima vez. Aperta o call.
Chama.
Chama.
Chama.

Caixa postal.

Inferno! O que mesmo passou na cabeça para tornar a correr atrás? Enquanto a garrafa de vinho esvazia-se, sugiro que mais de vinte cenas passam-se pela cabeça. Poderá estar ao lado de outro alguém. Poderá estar entre amigos. Poderá estar AMANDO outra pessoa. Poderá. Hipóteses. Cogito.

A realidade é que aquele canalha está dormindo. Não muda a rotina para nada. Importa-se só em manter uma bebida gelada e qualquer comida no estoque. É assim que vive. (Evito lembrar suas qualidades que – um dia - foram amáveis).

Fecho-me para o mundo porque suspirar e fazer promessas de amor sangram no interior do ego. E você está aqui agora, lendo parte do diário de uma ex. Pode ser uma ex qualquer coisa (amante, garota, namorada...). A verdade é que nenhuma dessas classificações serviria para agregar realidade.

Três da manhã. Acabaram-se os cigarros.

A música não me anima. Talvez o álcool esteja fazendo efeito.
Adormeço.
Não sei o que é sonho e realidade. Então não penso. Esqueço.
Chichê.
(...)